No comércio internacional, produto bom não basta: sua marca precisa dizer quem você é — ou será só mais uma na prateleira.
Você já parou para pensar por que, apesar de produzir algo de altíssima qualidade, seu produto não conquista destaque no mercado internacional? Por que, mesmo entregando o que há de melhor, você acaba competindo apenas pelo menor preço? A resposta está no posicionamento da sua marca.
A ilusão perigosa da qualidade como diferencial exclusivo
É comum, especialmente entre produtores brasileiros, acreditar que qualidade sozinha é a chave para o sucesso na exportação. É natural pensar: “Meu produto é excelente, então vai vender bem”. Porém, o mercado global não funciona assim. Países como Alemanha, Japão, Emirados Árabes Unidos e muitos outros têm padrões de qualidade tão rigorosos que, para eles, qualidade não é um diferencial — é o mínimo esperado.
Se você não investe em posicionamento, narrativa e identidade visual, seu produto não é visto como especial, mas como uma commodity — uma mercadoria genérica, facilmente substituível. E aí, começa a guerra de preços. Quem oferece menos, leva.
Resistência cultural ao marketing e branding no agro
O setor agropecuário brasileiro é conhecido pela excelência técnica e pelo conhecimento profundo da produção. Mas, paradoxalmente, essa cultura técnica muitas vezes resiste ao investimento em marketing e branding. Para muitos produtores, falar de “marca” ainda soa distante ou supérfluo, como se a qualidade do produto bastasse para abrir portas.
Essa resistência vem de um histórico de foco na produção e logística, onde “vender” era simplesmente distribuir para intermediários. Porém, no mercado internacional, o consumidor final quer mais: quer conhecer a origem do produto, o cuidado por trás da produção, as histórias das pessoas que fazem o campo acontecer. Aceitar o marketing e o branding como parte essencial do processo produtivo é um passo estratégico para quem quer crescer além da commodity.
Por que transformar a origem, o processo e as pessoas em narrativa?
A narrativa é a ponte que conecta o produtor ao consumidor. Ao contar a história do seu produto, você entrega algo que vai além do físico — entrega significado, valor emocional e confiança.
Imagine que você não está vendendo apenas uma manga, mas o sol e o solo do Vale do São Francisco, a dedicação da família que cuida do pomar, o respeito ao meio ambiente e a tradição local. Essa história cria vínculos, gera identificação e fideliza o comprador.
Além disso, no comércio internacional, as marcas que melhor comunicam sua autenticidade e propósito conseguem abrir mercado, cobrar preços justos e se destacar em um ambiente cada vez mais competitivo e sensível a valores como sustentabilidade e ética.