19 de Novembro de 2024

BRICS Pay e as Exportações Brasileiras: Uma Nova Era para o Comércio Internacional?

O BRICS Pay, uma plataforma de pagamentos integrada entre os países do bloco Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, promete mudar profundamente o comércio internacional. A proposta é desafiadora: criar um sistema de pagamento independente, reduzindo a dependência do dólar americano e fortalecendo a cooperação econômica entre os países membros. Esta nova estrutura pode trazer tanto oportunidades quanto desafios ao comércio brasileiro.

O que é BRICS Pay? 

O BRICS Pay é uma plataforma de pagamento digital desenvolvida para facilitar transações entre os países do bloco BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) usando moedas locais, sem a necessidade de converter para dólar. Ele combina tecnologias modernas, como QR Codes e sistemas descentralizados, para tornar os pagamentos mais rápidos, seguros e acessíveis. Dentre as soluções propostas pela plataforma BRICS Pay incluem: BRICS Pay QR para pagamentos no varejo, BRICS Pay B2B para transações entre empresas, BRICS UNIT como uma unidade de conta BRICS+, BRICS Loyalty para recompensas de viajantes, e BRICS CLEAR para liquidação digital de títulos transfronteiriços. Ainda em fase experimental, objetivo da plataforma é promover a independência financeira dos países do bloco, reduzindo custos e fortalecendo o comércio entre eles. 


A ideia do BRICS Pay começou a ganhar destaque em 2019, quando Rússia e China, principais impulsionadores do projeto, expressaram a intenção de desenvolver uma alternativa ao sistema de pagamentos tradicional baseado no dólar. No entanto, foi durante a cúpula do BRICS realizada em agosto de 2023, em Joanesburgo, África do Sul, que o BRICS Pay foi oficialmente anunciado e ganhou novos contornos. Nesta cúpula, além da introdução de novos membros no bloco — como Argentina, Egito, Irã e Arábia Saudita —, os líderes dos países concordaram em dar mais um passo em direção a uma infraestrutura financeira própria e independente.


Durante o Fórum Empresarial realizado em Moscou, nos dias 17 e 18 de outubro de 2024, a Rússia lançou a fase experimental do sistema BRICS Pay. Ele funciona por meio de um cartão conectado a um aplicativo ou navegador, permitindo pagamentos por QR Code. Durante o evento, cartões de teste com saldo de 500 rublos (aproximadamente R$ 30) foram distribuídos aos participantes para uso nas instalações do fórum. Este lançamento marca um passo inicial na implementação prática do sistema de pagamentos do BRICS.


Segundo as declarações da cúpula de Joanesburgo, o BRICS Pay está em fase de desenvolvimento e testes, com a expectativa de que comece a operar de forma experimental a partir de 2025. A plataforma deverá integrar os sistemas bancários e digitais dos países membros, permitindo transações mais rápidas e seguras. Nos próximos anos, o foco dos países será a criação de uma infraestrutura que atenda aos critérios de segurança e praticidade exigidos para que o BRICS Pay possa ser utilizado amplamente, tanto no comércio entre empresas quanto para transações pessoais.


O BRICS Pay funcionará como uma espécie de “carteira digital” integrada, permitindo que usuários façam pagamentos e transações transfronteiriças sem a necessidade de converter suas moedas para o dólar. A ideia é que o sistema seja acessível por meio de aplicativos de pagamento digital e esteja vinculado aos bancos centrais dos países membros, o que permite aos usuários manter suas transações dentro do sistema financeiro local, reduzindo a exposição cambial e a necessidade de intermediários.


Ainda que alguns aspectos técnicos e regulamentares estejam sendo definidos, o BRICS Pay será um sistema que envolve tanto a criação de uma infraestrutura própria quanto o uso de tecnologias digitais para viabilizar pagamentos rápidos e com menores taxas de conversão. Em algumas etapas do desenvolvimento, a tecnologia de blockchain tem sido considerada como uma alternativa para garantir a segurança e a transparência das transações, embora o formato final ainda dependa de decisões conjuntas entre os países membros.



Uma nova moeda para o grupo?


O BRICS está estudando a criação de uma moeda única para facilitar as transações dentro do bloco. Essa moeda, ainda em discussão, seria chamada de BRICS+ Unit of Account e funcionaria como uma unidade de conta comum entre os países membros. Embora a ideia seja atrativa para aumentar a integração econômica, não há um cronograma definido para sua implementação. Essa iniciativa visa reduzir a dependência de moedas estrangeiras e fortalecer a soberania financeira dos países participantes, mas as negociações ainda estão em andamento.


Uma cédula simbólica do BRICS foi revelada nas redes sociais em 24 de outubro, gerando discussões sobre a possível criação de uma moeda única para o bloco. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, apresentou a nota durante a cúpula em Kazan, onde foi fotografado segurando a cédula, que traz as bandeiras dos países do BRICS. Esse momento simboliza as ambições do bloco de explorar alternativas ao dólar, e reforça o debate sobre a reformulação das finanças globais com uma moeda que represente a união entre as economias emergentes.


Por enquanto, as transações no BRICS Pay serão realizadas nas moedas locais de cada país membro, enquanto o debate sobre a criação de uma moeda única, como a BRICS+ Unit of Account, segue em discussão. Neste contexto, o BRICS Pay também desempenha um papel importante, pois pode servir como uma plataforma intermediária enquanto a moeda única não é implementada. O sistema de pagamentos BRICS Pay facilita transações diretas entre os países membros, oferecendo uma alternativa mais eficiente e menos dependente do dólar americano. Com o tempo, se a BRICS+ Unit of Account for aprovada, o BRICS Pay poderia se tornar uma ferramenta essencial para a troca de moedas dentro do bloco, consolidando a ideia de uma economia mais integrada e autônoma.

Cédula simbólica do Brics circula nas redes sociais após ser vista na mão de Putin

Perspectivas para os exportadores brasileiros

Atualmente, os exportadores brasileiros enfrentam custos elevados ao realizar transações internacionais, devido à necessidade de converter suas moedas para dólares americanos. Isso envolve taxas de câmbio, custos de transação bancária e a complexidade dos intermediários financeiros. Com o BRICS Pay, as transações poderão ser feitas diretamente em moedas locais entre os países do bloco. Isso pode reduzir significativamente esses custos, facilitando a competitividade das empresas brasileiras no exterior, especialmente em mercados como China, Índia e África do Sul, que são destinos estratégicos das exportações brasileiras.


Até setembro de 2024, as exportações brasileiras somaram aproximadamente US$ 255,4 bilhões, sendo China, Estados Unidos e União Europeia seus principais destinos (dados do Ministério de Desenvolvimento). Segundo a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Mapa (SCRI), entre julho de 2023 e julho de 2024, a China foi o principal destino das exportações brasileiras do agronegócio, totalizando US$ 57,94 bilhões. Houve um aumento de 8,9% em comparação ao período anterior. Houve recorde em 2023 com as exportações de mais de US$ 60 bilhões, um aumento de mais de US$ 9 bilhões em relação a 2022. o que demonstra a importância de um sistema que facilite transações com este país parceiro no BRICS.


O BRICS Pay também representa uma oportunidade única para pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras. Dados do SEBRAE indicam que PMEs são responsáveis por cerca de 41% das exportações do Brasil, mas frequentemente enfrentam desafios, como o alto custo de transações internacionais e o acesso limitado a crédito barato. O BRICS Pay pode ser a chave para abrir novos mercados. Países como a Índia e a África do Sul, com economias em crescimento e mercados internos expressivos, são grandes potenciais para os produtos brasileiros. Com o novo sistema, essas empresas terão acesso mais fácil e direto a essas regiões, eliminando intermediários e tornando as transações mais rápidas e seguras.


Outro benefício significativo é a aceleração do fluxo de caixa. Atualmente, o tempo de espera para o recebimento de pagamentos internacionais pode ser longo, o que prejudica o fluxo financeiro das empresas. Com o BRICS Pay, o sistema promete permitir pagamentos mais rápidos e menos burocráticos, o que pode ser decisivo para que as empresas mantenham sua operação em funcionamento. Além disso, o BRICS Pay poderá ser acessado de forma simples e direta, com o uso de aplicativos e carteiras digitais, facilitando o gerenciamento financeiro.


Com a implementação do BRICS Pay, a eliminação de barreiras financeiras e a redução dos custos de transação oferecem às empresas brasileiras maior competitividade no mercado global. Isso é especialmente relevante considerando a demanda crescente por produtos brasileiros em mercados como a China, que, só em 2023, comprou mais de US$ 60 bilhões em produtos do Brasil. O BRICS Pay permite que as empresas brasileiras negociem com mais eficiência, sem as restrições tradicionais do sistema financeiro internacional, que depende dos Estados Unidos e do dólar.


Por fim, ao simplificar as transações, o BRICS Pay facilita a adaptação das empresas brasileiras às novas tecnologias de pagamento. Além disso, a plataforma foi projetada para funcionar dentro das regulamentações de cada país, o que significa que as empresas podem realizar negócios com maior confiança e em conformidade com as leis locais. A perspectiva é de que o sistema esteja em funcionamento completo até 2025, e a integração com os bancos centrais dos países do BRICS permitirá uma experiência segura e confiável para os usuários.



Desafios Tecnológicos e Regulamentares

Cada país do BRICS possui sua própria regulamentação financeira, e alinhar essas regras será um processo complexo. No Brasil, por exemplo, as transações internacionais estão sujeitas a uma série de normas do Banco Central e da Receita Federal, que podem não estar alinhadas com o funcionamento do BRICS Pay inicialmente.


O BRICS Pay é uma ideia revolucionária que promete facilitar os pagamentos entre os países do bloco BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Ele busca criar um sistema que permita transações diretas em moedas locais, sem precisar converter tudo para dólar, o que reduz custos e agiliza as negociações. Para os exportadores brasileiros, isso parece uma ótima notícia, mas o caminho até que isso se torne realidade não é tão simples.


Um dos grandes desafios é que os sistemas financeiros desses países são muito diferentes. Enquanto a China e a Índia têm tecnologias avançadas para pagamentos digitais, outros, como o Brasil, ainda enfrentam dificuldades em termos de estrutura e regulamentação. Para que o BRICS Pay funcione bem, será necessário integrar todas essas diferenças, o que pode levar tempo e causar problemas nos primeiros anos de uso.


Além disso, como o BRICS Pay será um sistema totalmente digital, a segurança cibernética será uma preocupação importante. O Brasil, por exemplo, tem enfrentado um aumento nos crimes digitais, e garantir que o sistema seja seguro para evitar fraudes ou ataques será fundamental para que os exportadores confiem na plataforma. Qualquer falha nesse aspecto pode desanimar empresas de adotarem a novidade.


Também é importante lembrar que muitos exportadores estão acostumados a negociar em dólar e podem resistir à ideia de mudar para um sistema novo, que ainda está em desenvolvimento. Adotar o BRICS Pay pode exigir mudanças nos processos internos das empresas, além de investimentos em tecnologia e treinamento, o que pode ser um obstáculo, especialmente para pequenas e médias empresas.


Por fim, o sucesso do BRICS Pay depende muito de como os países do bloco vão trabalhar juntos. Como sabemos, nem sempre essas nações estão totalmente alinhadas, e problemas políticos ou econômicos entre elas podem atrasar a implementação ou limitar a funcionalidade do sistema.


Saiba mais em: https://www.brics-pay.com/



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